25 de jun. de 2009

Projeto de lei quer 'cortar' conexão de quem faz download ilegal

24/06/2009 - 15h36

CINTIA BAIO | Do UOL Tecnologia e
PIERO LOCATELLI | Do UOL Notícias
No início deste mês, o deputado Geraldo Tenuta Filho (DEM/SP)—conhecido como Bispo Gê Tenuta— apresentou um projeto de lei que pretende punir quem faz download e compartilha conteúdo protegido por direito autoral de forma ilegal na internet.

  • O deputado federal Bispo Gê Tenuta (DEM) fala sobre seu projeto de lei que pretende cortar a conexão de banda larga daqueles que baixarem arquivos protegidos por direitos autorais

Se aprovado, os provedores de acesso serão obrigados a identificar os infratores e, na primeira ocorrência, notificar o usuário por e-mail.

Caso aconteça de novo, a mesma atitude deverá ser tomada, dessa vez sinalizando a ocorrência de um crime. A partir daí, o acesso seria suspenso de três a seis meses. Em uma sexta violação, o serviço é cancelado.

Ainda de acordo com o documento, o usuário não será isento da cobrança do serviço durante o período em que a conexão estiver interrompida.

Você apoia o projeto de lei que prevê punição para quem faz download ilegal?

O projeto de lei é inspirado em uma decisão da Assembleia Nacional da França com os mesmos objetivos, que aconteceu em maio passado. No entanto, menos de um mês depois, a medida foi suspensa pela corte francesa —justificando que ela violava, entre outros, o direito do livre discurso.

Por aqui, o projeto de lei também corre o risco de nem sair do papel pelos mesmos motivos que a medida francesa —fere uma série de direitos, principalmente o do consumidor.

"Sabemos que serão apontadas inconstitucionalidades no projeto", reconhece o deputado. "Mas acreditamos que será, pelo menos, uma maneira de começarmos a discutir novas maneiras de ver o direito autoral na internet", completa. Por enquanto, nenhum deputado manisfestou interesse em apoiar o projeto de lei.

Ministério da Cultura é contra

  • Os deputados estão familiarizados com a tecnologia na hora de ouvir música ou assistir vídeos? Confira seus hábitos e o que eles acham do projeto de lei apresentado pelo Bispo Gê

Para José Vaz, Coordenador da Diretoria de Direitos Intelectuais do Ministério da Cultura, o projeto parte de uma perspectiva meramente repressiva, que fere os direitos individuais e a neutralidade da tecnologia. "Vemos que a sociedade encara o direito autoral de uma maneira que vai totalmente na contramão dessa ideia. É só observar a eleição do partido pirata [Pirate Party] para o Parlamento Europeu e o número de pessoas que admitem fazer download ilegal", diz Vaz.

Uma pesquisa da Futuresource Consulting apontou que 8 em cada dez consumidores da Grã-Bretanha, Alemanha, Estados Unidos e, inclusive, França admitem fazer download ilegal de vídeos na internet.

Para ele, as discussões devem se focar na mudança das práticas sociais, no modelo de negócios e na maneira como as gravadoras encaram a internet. "Não podemos negar que existe um problema em relação ao direito autoral. No entanto, é nítido também que a indústria musical está pagando o preço pela sua inércia", completa.

De acordo com um estudo divulgado por economistas da Harvard Business School, o compartilhamento de arquivos pela internet não atrapalha a produção criativa. Desde 2000, por exemplo, a indústria fonográfica duplicou sua produção e o lucro dos artistas com shows, por exemplo, cresceu. O que caiu foram as vendas de gravações.

Um ponto interessante da pesquisa é que a indústria fonográfica ainda lucra, mas o dinheiro é melhor distribuido: enquanto as gravadoras sofrem, outras empresas relacionadas ao mundo musical e reprodutores musicais aumentam os lucros.

Na última sexta-feira (18), uma americana foi condenada a pagar quase US$ 2 milhões pelo download ilegal de 24 músicas, no único caso que terminou em julgamento nos EUA —outras 29.999 denúncias já foram apresentadas pela Associação da Indústria de Gravação dos EUA contra pessoas acusadas de baixarem conteúdo ilegal.

Fonte: aqui

21 de jun. de 2009

FAPESP-Microsoft Research abrem nova chamada

Agência FAPESP – O Instituto Virtual de Pesquisas FAPESP-Microsoft Research lançou nova chamada pública de propostas para apoio à pesquisa fundamental e de classe mundial em tecnologias de informação e comunicações.

No âmbito da chamada, a pesquisa acadêmica tem dois ingredientes essenciais: criação de novo conhecimento científico e comunicação de resultados na comunidade acadêmica mundial. Os projetos devem ter impacto por meio de: 1) pesquisa nova, criativa e interessante para o avanço das TIC; 2) Publicação e disseminação do conhecimento e de experiências para a comunidade acadêmica mundial.

As propostas devem ser apresentadas por pesquisadores de Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa, públicas ou privadas sem fins lucrativos, no Estado de São Paulo.

O total de recursos disponível para atender às propostas selecionadas é de R$ 1 milhão. As propostas deverão considerar projetos com duração de no máximo dois anos e serão recebidas pela FAPESP até o dia 7 de agosto.

O Instituto Virtual de Pesquisas FAPESP-Microsoft Research, resultado de um convênio assinado entre as duas instituições em abril de 2007, é uma iniciativa pioneira no Brasil que associa os setores público e privado de modo a estimular a geração e a aplicação de conhecimento em TIC.

A proposta do instituto é formar uma rede de pesquisadores capazes de criar novos conhecimentos que contribuam para expandir as capacidades da tecnologia de computação para atender mais e melhor às questões-chave para beneficiar as pessoas, a sociedade e a sustentabilidade do planeta.

Mais informações sobre a chamada e o convênio: www.fapesp.br/convenios/microsoft

18 de jun. de 2009

Modern Democracy

Eis aí o link para o magazine "Modern Democracy", mais uma publicação que surge buscando tematizar a democracia eletrônica (porque la vida es gratis). Vamos acompanhar.

Elogio da livre iniciativa



Troca de arquivos digitais beneficiou sociedade, diz estudo de Harvard

Por Redação do IDG Now!Publicada em 17 de junho de 2009

Pesquisa feita por dupla de economistas indica que, mesmo com download ilegal, produção musical mais do que dobrou em 7 anos.Os economistas Felix Oberholzer-Gee e Koleman Strumpf publicaram um novo estudo pela Harvard Business School que procura avaliar o impacto da troca de arquivos no mundo contemporâneo.

Segundo o levantamento, a troca de arquivos causa menos prejuízos do que se pensa e não desencorajou a criatividade. Pelo contrário: a produção cultural nunca foi tão prolífica nos últimos anos.

Apesar de a venda de discos ter caído desde 2000, o número de álbuns criados explodiu. Em 2000, foram lançados 35,5 mil discos - em 2007, porém, esse número saltou para 79,6 mil - incluindo 25,1 mil álbuns digitais. Ou seja, mesmo com o download de material protegido por direito autoral, a produção musical disparou.

O estudo também procura desmistificar alguns efeitos econômicos da troca de arquivos protegidos por direitos autorais. Por exemplo, o download de canções não representa necessariamente uma venda perdida e alguns remixes e mashups (músicas misturadas para compor uma terceira música) podem incentivar a venda das canções originais.

Outro ponto importante é que a troca de arquivos pode representar uma perda de receita, a princípio, mas que é compensada com “complementos”. Os preços dos shows, afirma a dupla de economistas, subiu nos últimos anos, assim como a demanda pelas apresentações ao vivo
.

Por isso, os autores concluem que o maior acesso do público às músicas e “uma proteção mais fraca dos direitos autorais, aparentemente, beneficiaram a sociedade”.

Segundo os economistas, isso faz com que a violação de direitos autorais seja “ambiguamente desejável”, desde que ela não impeça a produção de novos trabalhos por parte dos artistas e empresas de entretenimento.

A íntegra do estudo esta em http://www.hbs.edu/research/pdf/09-132.pdf

Fonte: aqui

14 de jun. de 2009

Saudades do Stanislaw


Estou inaugurando uma nova coluna neste blog. Trata-se dos dez mais interessantes artigos que foram publicados pela grande mídia ou circularam pela web durante a semana. Farei a seleção para poupar o eventual leitor da insana tarefa de buscar por si mesmo tudo que de interessante se publica sobre "Internet & Politics" no idioma português. Seguem abaixo:

1) Artigo interessante de José Dirceu (ele mesmo, o do aluguel de deputados! Como um período de ostracismo pode fazer bem as pessoas) analisando as relações entre blogs e grande imprensa: Porque os blogs assustam

2) Reportagem do "Estadão" sobre as restrições à internet pelo capitalismo de Estado chinês: China volta a exigir requerimento de filtro na internet

3) Sabe-se lá o que os padres andam fazendo pela internet, como diria o bom Buñuel...: Antes restrita aos templos, religião ganha a internet e padres ...

4) O bom senso parece estar chegando finalmente aos Congressistas que querem finalmente liberar o uso da Web nas eleições e acabar com o monopólio estatal sobre o financiamento de campanha sob o eufemismo do "financiamento público exclusivo": Uso da internet em campanha eleitoral ganha força no Congresso;

5) Só os gastos com "cartão corporativo" (sic.?). Por que não todos os demais? Gastos com "cartão corporativo" são detalhados na internet
Terra Brasil - São Paulo,SP,Brazil

6) Que novidade! Campanha já está na internet
Estadão - São Paulo,SP,Brazil

7) Lembrem-se que o lema das burocracias (estatais e privadas) é: "Criar dificudade, para vender facilidade".
Por isso, não se surpreendam se aparecer algum aloprado tentando conter este "turbilhão": A força política de um turbilhão chamado internet
Estadão - São Paulo,SP,Brazil

8) De novo. Até que enfim setores mais iluminados da esquerda estão abandonando a abstrusa idéia do "financiamento público exclusivo" das campanhas eleitoral. Santa simplicitas! Câmara quer votar novas regras para uso da internet em campanhas ...
O Globo - Rio de Janeiro,RJ,Brazil

9)
Candidato derrotado pede anulação de eleição no Irã
O Globo - Rio de Janeiro,RJ,Brazil
10) A ótima reportagem da Gazeta do Povo reproduzida abaixo.



Ferramentas virtuais democratizam discussão política


A Gazeta do Povo publicou hoje uma excelente série de reportagens sobre o uso da internet pelos políticos pararaenses, especialmente novas ferramentas como o twitter e redes sociais.

A reportagem é excelente não somente porque trata de um tema importante para o qual todos os cidadãos devem estar atentos, mas também porque cita corretamente as fontes consultadas, está muito bem redigida e, mais importante, faz pesquisa em fontes primárias trazendo uma útil listagem dos twitters dos políticos pesquisados.

É um ótimo exemplo de jornalismo bem feito, pouco opinativo, mas muito informativo para o cidadão. Assim que possível, analisarei com mais calma os dados da matéria. Por ora, estou sem tempo pois, coincidentemente, estou concluindo um texto sobre o uso da Web pelos candidatos à vereador nas três capitais da região Sul do país, para a SBS. (SSB -sujeito à revisão).

Publicado em 14/06/2009 | Daniela Neves e Rhodrigo Deda

Se o fenômeno da campanha eletrônica de Barack Obama despertou a atenção dos políticos brasileiros, por aqui eles ainda estão aprendendo a usar a internet para efetivar um canal de comunicação com os eleitores. Poucos aplicam as ferramentas de forma articulada, preferindo noticiar atividades em websites sem interatividade com os internautas.

Para o cientista político Sérgio Braga, professor da Universidade Federal do Paraná e especialista em comunicação política pela internet, o fato de políticos estarem ocupando espaço em sites, blogs, microblogs é um bom sinal, mas ainda falta muito para que aprendam a usar de forma inteligente. “Esses espaços devem servir para que ele fidelize o eleitor, colocando seus posicionamentos políticos, anunciando como votou ou como pretende votar em determinada matéria, permitindo essa transparência com o eleitor.”, diz. Para o professor, é um erro de estratégia enviar mensagens de cunho mais pessoal, por exemplo, quando se trata de um político conhecido, que deve ser claro em suas intenções.

Em uma pesquisa que realizou em sites de parlamentares de toda a América do Sul, Braga concluiu que os políticos usam pouco, e mal, os meios eletrônicos. Não articulam notícias com vídeos, não permitem a criação de redes de mobilização em torno de temas de interesse público, não usam a internet para expressar propostas e opiniões em uma forma que não cabe em outras mídias, como jornal e rádio. “O uso da internet ainda engatinha na América do Sul pois os políticos não usam a potencialidade que o meio oferece”.

Alguns exemplos que fogem dessa regra são os sites de campanha do prefeito reeleito Gilberto Kassab (DEM) de São Paulo, e do prefeito curitibano Beto Richa (PSDB), que permitia envio de vídeos e de fotografias pelo site de campanha. A grande vantagem do meio virtual, segundo Braga, é o baixo custo, que barateia não só a alimentação da mídia como o acesso. “Dizer que só classe média teria acesso ao diálogo eleitoral on-line é coisa ultrapassada. Os vídeos mais acessados no YouTube no Brasil, por exemplo, são de RAP, uma expressão bem popular. Hoje você tem acesso em lan houses e celulares”, diz. O que muda, na opinião do cientista político, é que será preciso ser cada vez mais propositivo, já que lideranças tradicionais tendem a perder espaço nesse novo tipo de comunicação com eleitores.

A democratização do debate também é o argumento a favor da liberação da campanha pela internet defendido por Eneida Desirré Salgado, professora de Direito Eleitoral da Universidade Federal do Paraná. Ela diz que os meios virtuais podem, quando gratuitos e acessíveis a todos, contribuir para um debate mais igualitário de forma mais eficiente, já que a espetacularização da política esvazia o debate, colocando slogans e imagens no lugar de conteúdo e propostas. “É difícil controlar abusos na internet, mas ofensas, ou coisas dessa natureza, a legislação atual já dá conta”, diz.

O coordenador de Projetos da Transparência Brasil, Fabiano Angelico, considera potencialmente positivo a entrada dos políticos na arena virtual. “É uma tendência mundial, mas depende do uso que se faz.” Segundo ele, ferramentas on-lines, como o Twitter, aproximam o eleitor de seus representantes, mas é preciso que as pessoas encarem o uso do serviço de forma crítica. “É preciso que as pessoas façam perguntas relevantes e compreendam que a ferramenta não está sendo usada pelo político de maneira espontânea”, diz Angelico. “Eles (os políticos) estão interessandos em falar, mas não em ouvir. É importante que a sociedade se faça ouvir, porque essa ferramenta predispõe a troca.”

Nessa perspectiva, o jornalista Marcelo Soares, comentarista político do Notícias da MTV criou um bordão para o uso do Twitter feito por políticos: “Não siga os políticos no Twitter. Fique na cola deles.” Soares explica que a distância entre o representante eleito e o eleitor é muito distante e as novas mídias podem dminuí-la. Mas, diz ele, para que isso ocorra, é preciso que os políticos passem a responder às perguntas dos eleitores. “A partir da interação, a sociedade pode tentar virar o feitiço contra o feiticeiro, pois o político tem de ouvir e responder o cidadão.”

Órgãos públicos e políticos despertam para as redes sociais

Uso ainda é limitado entre paranaenses

No Paraná, o número de adeptos às mídias sociais ainda é pequeno, mas quem as usa só aponta vantagens. “A internet, de um modo geral, é uma excelente ferramenta de prestação de contas com a população”, resume o deputado estadual Osmar Bertoldi (DEM), que utiliza as redes MySpace, Facebook, Orkut e Twitter.Saiba mais

Vocabulário

Conheça o jargão da internet:

Mídias sociais: ferramentas on-line de interação entre usuários.

Blog: página de Internet cuja estrutura permite a atualização rápida a partir de acréscimos dos chamados “artigos”, ou “posts”.

Twitter: serviço de “microblogs” que permite a publicação de mensagens de até 140 caracteres.

YouTube: serviço on-line que permite que os usuários carreguem e compartilhem vídeos em formato digital.

Facebook e Orkut: serviços de rede social usados para para manter relacionamentos e estabelecer novas amizades, permitindo divulgação de fotos e vídeos.

MySpace: serviço de rede social que usa a Internet para comunicação online através de uma rede interativa de fotos, blogs e perfis de usuário.

Flickr: serviço de hospedagem e compartilhamento de imagens fotográficas, documentos gráficos, desenhos e ilustrações, caracterizado também como rede social. Permite que os usuários criem álbuns para guardar suas imagens e entrarem em contato entre si.


Instituições públicas e políticos brasileiros começam lentamente a aderir às chamadas mídias sociais (ferramentas on-line de interação entre usuários) para divulgar suas ações e estabelecer um contato mais direto com a população. Com números cada vez maiores de inscritos, serviços como Orkut, YouTube, Facebook e Twitter tendem a se tornar meios de comunicação indispensáveis para a administração pública, apontam especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo.

Na semana passada, a Câmara dos Deputados começou a discutir mudanças na legislação com o intuito de liberar o uso da internet como meio de propaganda e captação de doações para a campanha eleitoral de 2010. Pela legislação atual, candidatos podem apenas manter sites oficiais de campanha (com extensão .can).

Enquanto não chegam as eleições, no entanto, políticos e instituições procuram todo tipo de ferramentas para se comunicar com a sociedade. Até a Presidência da República anunciou, em abril, a criação de um blog oficial. A previsão é que a ferramenta seja lançada até o fim deste ano.

No início de maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) anunciaram a criação de um canal oficial no site de compartilhamento de vídeos YouTube, maior do gênero na internet. Segundo a assessoria de imprensa do STF, a parceria foi firmada com o intuito de melhorar o relacionamento do órgão com a sociedade.

A Câmara dos Deputados também aderiu à moda das redes sociais e, no fim de maio, lançou sua página oficial no Twitter, serviço de microblogs que permite a publicação de mensagens de até 140 caracteres. O perfil apresenta diariamente a agenda do dia das comissões e da plenária, e a previsão de cobertura da Agência Câmara de Notícias, órgão oficial da Casa. Em cerca de três semanas, o número de seguidores já chega a quase 400. A Agência Senado não ficou atrás e, no início de junho, também criou um perfil no serviço de microblogging. De acordo com a Agência, a ferramenta foi adotada por ter se tornado um meio rápido e prático de divulgar notícias e outras informações.

Mas nenhuma dessas instituições fez mais sucesso que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que garantiu seu espaço oficial no Twitter no dia 18 de maio. Em menos de um mês, o perfil já agregou quase 7 mil seguidores, que acompanham mensagens como “Daqui a pouco, assino projeto de lei contra o preconceito racial”, do dia 4 de junho, e “Trabalho hoje ouvindo Esses Moços, de Lupicínio, com Gal Costa”, postada na última quarta-feira (10).

Para o cientista político Sérgio Braga, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especialista em comunicação política via internet, embora estejam seguindo tendências mundiais, os políticos brasileiros ainda não têm utilizado a rede mundial de computadores da maneira mais adequada.

“Os políticos estão entrando nessa onda Obama sem saber usar direito [as ferramentas]. Mas o importante é constar que eles estão se mantendo atualizados”, diz. Na opinião do cientista político, os brasileiros não podem parar no tempo e devem, sim, utilizar todas as ferramentas disponíveis na internet, seja por meio de vídeos, blogs, ou redes de interatividade

Arena eleitoral migra da rua para a rede

Mudanças na legislação devem liberar uso de ferramentas virtuais e barrar excessos das campanhas tradicionais

Publicado em 14/06/2009 | Daniela Neves

Aquela mobilização de cabos eleitorais na rua, com cartazes, “pirulitos”, camisetas e som é imagem do passado. A cada ano, a legislação eleitoral brasileira tende a restringir campanha de ruas e liberar o meio virtual.

As discussões sobre a reforma eleitoral que ocorrem na Câmara Federal indicam esse caminho. A legislação sobre o uso da internet nas eleições deve diminuir quase que totalmente as restrições desse meio, reforçando a necessidade dos políticos concentrarem atenção não só em seus websites, como em outras ferramentas, como blogs YouTube e microblogs (Twitter).

O uso da internet está sendo discutido por uma comissão criada no início do mês na Câmara para elaborar a proposta de reforma. Cinco projetos tramitam, permitindo não só a liberação da campanha, como arrecadação de recursos pelos sites feita por meio de cartão de crédito. A Câmara deve votar essa proposta até setembro, evitando que mais uma vez a legislação sobre campanha fique a cargo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Pelas resoluções votadas nas últimas eleições, os candidatos podiam manter um site de campanha montado exclusivamente para esse período – a partir de 6 de julho – e para veicular notícias eleitorais. A campanha de 2008 foi flexível com as demais plataformas, como redes de relacionamento, já que o TSE não resolveu nada a respeito, passando a regulamentação para o juiz eleitoral de cada cidade e eventualmente para as cortes de tribunais regionais eleitorais.

Em Curitiba, houve um questionamento na Justiça Eleitoral sobre a comunidade aberta por um integrante do Orkut, apoiando um candidato a prefeito. O uso foi barrado pelo juiz eleitoral, que entendeu ser uma manifestação individual de um eleitor.

O TSE, já adiantado ao processo da reforma, estuda formas de viabilizar a doação para candidatos pela internet, como já ocorre nos Estados Unidos. O presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, é um dos defensores do uso da internet na campanha e pediu aos técnicos um levantamento sobre formas de doação on-line.

Política na internet

Estados Unidos

Após arrecadação milionária, Obama torna-se exemplo

Publicado em 14/06/2009

A campanha do agora eleito presidente norte-americano, Barack Obama, no ano passado, causou uma revolução na perspectiva do uso da internet pelos políticos. Como ninguém, a equipe de Obama entendeu a potencialidade do meio e a interação dos vários tipos de mídia on-line.

Através do site, não só atingiu os eleitores – fazendo com que eles seguissem a campanha – como conseguiu mobilizar voluntários que organizaram eventos em suas localidades, ainda responder imediatamente a ataques políticos e arrecadar dinheiro de pequenos contribuintes via página eletrônica (o que já era possível pela legislação norte-americana). Segundo dados divulgados pelos organizadores da campanha, mais de US$ 660 milhões foram arrecadados pelo site, dinheiro usado para propaganda na tevê na reta final de campanha.

A equipe aliou as notícias de campanha no site a plataformas abertas como YouTube, twitter e Facebook, que têm um custo baixo. Pelo site mybarackobama.com, criou redes de mobilização, canais para interatividade dos eleitores que enviavam informações aos comitês. Nem jogos on-line foram esquecidos e neles foram colocados anúncios de campanha. Além de jovens, acostumados com a linguagem, atingiu o público com mais idade, não acostumada a tanta novidade virtual, com mensagens rápidas por e-mail. (DN)

Menos complicado, Twitter vira “diário” dos políticos

Publicado em 14/06/2009

Em meio a milhões de anônimos, o prefeito de Curitiba Beto Richa (PSDB) é um dos usuários que diariamente acessa o Twitter. Sempre a partir do computador, Richa procura atualizar seu espaço de duas a três vezes por dia. Ele conta que começou a utilizar a ferramenta por acaso, sem nenhuma estratégia política pré-definida. “Estava conversando com alguns amigos que já participavam e me despertou a curiosidade de entrar nesse mundo”, diz o prefeito, que garante atualizar pessoalmente o microblog, lançado há cerca de um mês e meio. “Gasto aproximadamente uma hora por dia com o Twitter. Às vezes publico mensagens de casa, às vezes da prefeitura, entre uma audiência e outra”, relata.

Outra que atualiza constantemente seu perfil é a atual presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, candidata derrotada à prefeitura de Curitiba no ano passado. Até as eleições de 2008, ela mantinha um blog pessoal, mas acabou descontinuando a iniciativa por falta de tempo. “O Twitter é muito mais simples e rápido, e posso atualizar de qualquer lugar onde estiver”, explica Gleisi, que costuma enviar seus “tweets” pelo celular. Ela conta que foi a responsável por incentivar o marido, o ministro do Planejamento Paulo Bernardo (PT), a também se inscrever na ferramenta. “Ele tem muitas opiniões interessantes, que as pessoas me diziam que querem conhecer”, diz.

Gleisi afirma que, por causa das agendas lotadas, ela e o marido, a quem chama de “PB” na internet, às vezes acabam se comunicando pelo Twitter antes de se conversarem pessoalmente. “Principalmente quando ele reclama que tem que cozinhar”, diverte-se. As mensagens de foro pessoal, ressalta a petista, ajudam a aproximar a figura do político da população. “Principalmente para o pessoal entender como conciliamos trabalho com família”.

Já Richa prefere usar o serviço para informar seus seguidores a respeito de ações oficiais. Vez ou outra, dispara um comentário pessoal. “Muito frio. Mesmo assim, seria bom correr no Barigui. No inverno as manhãs ficam mais bonitas. Pena que não tenho tempo”, postou no dia 1º de junho. “Comecei agora no Twitter, ainda estou me adaptando”, explica o prefeito.

Fonte: Gazeta do Povo (14/06/2008)

12 de jun. de 2009

As eleições iranianas e a Web


Quem quiser acompanhar as eleições iranianas de hoje pela web, eis abaixo alguns websites interessantes:

1) O "personal memo" (bastante desatualizado e, ao que parece, apócrifo) do candidato à frente nas pesquisas e atual presidente eleito, o "ultraconservador" Mahmoud Ahmadinejad;

2) O "independente pró-reformista", Mir Hussein Moussavi, tem um blogs de apoiadores e simpatizantes;

3) O "reformista" Mahdi Karroubi não parece ter website pessoal ou movimentos de blogueiros na web em seu apoio;

4) E, por fim, este parece ser o web site do "conservador" Mohsen Rezaei.

Leia aqui uma reportagem do "Globalvoices" em português e em inglês sobre o movimento cívico nas eleições iranianas na blogosfera. Para quem não é fluente no idioma persa, vale a pena ao menos apreciar o design dos blogs e websites do tradicional país, que tanto entusiasmou Michel Foucault nos últimos anos de sua vida.

Se eu encontrar mais alguma coisa interessante sobre as eleições iranianas na Web, posto aqui. A pesquisa está andamento, financiada pelo FMP (Fundo Monetário Pessoal). Hasta la vista.

P.S.: Compilo abaixo algumas reportagens interessantes sobre as eleições irananas de hoje:

- Do Uol, sobre a alta presença de mulheres e jovens nas eleições, o que aumenta as chances do candidato oposicionista [clique aqui]

11 de jun. de 2009

Blog novo do Amadeu


O Sérgio Amadeu está de blogs novos (http://softwarelivre.org/samadeu/blog & 300) . Trata-se, este último, de uma experiência interessante de blog coletivo que iremos acompanhar aqui.

Temos consciência no entanto de que, atualmente, o narcisismo do comum dos mortais torna boa parte das pessoas tão patéticas e egocêntricas (cf. Senneth) que temos quase que pedir desculpas por fazer propaganda do blog alheio (SSB).

4 de jun. de 2009

Turbilhão de notícias


Recebi um turbilhão tão grande de notícias esta semana sobre Internet e Política que fica até difícil de postar ou comentar algo nesse blog. Nos próximos dias, tentarei fazer uma síntese dos acontecimentos. Agora, estou concluindo a redação/revisão de um dos papers sobre "Internet e Política" que apresentarei na IPSA, que ocorrerá em julho próximo em Santiago do Chile, e sem tempo para isso. (SSB)

3 de jun. de 2009

Livros, leituras e novas tecnologias



A Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP e a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin tem o prazer de convidá-lo(a) para o SEMINÁRIO MINDLIN 2009: Livro, Leituras e Novas Tecnologias.

Na ocasião, será lançada a Brasiliana Digital (a biblioteca digital da BRASILIANA USP).

A programação pode ser acessada no site
www.brasiliana.usp.br


LOCAL:
Auditório do Museu de Arte Contemporânea
Rua da Reitoria, 160 – Cidade Universitária
05508-900 – São Paulo, SP, Brasil

REALIZAÇÃO:
Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin,
Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária,
Universidade de São Paulo

INFORMAÇÕES:
bbm@usp.br
3091-1154 (Carla Piazzi)
inscrições/certificado: no dia e no local
entrada gratuita

P.S.: Segue reportagem na Revista Fapesp (porque la vida es gratis)

2 de jun. de 2009

Primeiro website do mundo


Uma curiosidade. Segue o link para o primeiro website do mundo (porque la vida es gratis), criado por Tim Berners-Lee, o sujeito que aparece no vídeo do youtube abaixo protestando contra a tentativa dos lobbies das corporações norte-americanas e de outras partes do mundo de restringir o uso e o acesso da Web pelos cidadãos-internautas.

1 de jun. de 2009

Defender nuestro derecho a un Internet abierto y universal

¡No dejes que el Parlamento de la U.E. privatice Internet! ¡No habrá vuelta atrás!
La presión ciudadana ha evitado la aprobación de las leyes que privatizan internet en la votación del 6 de mayo de 2009. En otoño se vuelven a negociar.
EN LAS ELECCIONES EUROPEAS DEL 7 DE JUNIO NO VOTEMOS A LOS PARTIDOS QUE QUIEREN REGALAR A INTERESES PRIVADOS NUESTRO DERECHO DE ACCESO A INTERNET.

Tras comprobar cuáles han sido los votos de los parlamentarios europeos respecto al así llamado “Paquete de las Telecomunicaciones” (explicado más abajo) es fundamental que recordemos que los partidos mayoritarios, es decir, Gobierno y oposición a la par, están dispuestos a regalar nuestro derecho a una comunicación libre e igualitaria a través de Internet a intereses de multinacionales privadas.

Los ciudadanos pueden recordarlo y comprobarlo en este gráfico donde se muestra el voto que han emitido todos los parlamentarios en las votaciones del Paquete de Telecomunicaciones ( 100% es el voto más favorable a la ciudadanía; 0% a los lobbies privados)

Te proponemos que envíes este sencillo cuestionario a los cabeza de lista para conocer la postura de sus partidos sobre Internet y del futuro del Paquete de Telecomunicaciones. Clicka aquí.

Todo aquel que tiene una web tiene interés en la defensa del libre uso de Internet… como lo tiene todo aquel que usa Google o Skype… todo aquel que expresa libremente sus opiniones, realiza una investigación de cualquier tipo, ya esté enfocada a la salud, a problemas personales, en el estudio académico… todo aquel que compra por Internet… que se relaciona por Internet…. se socializa por Internet… escucha música… mira vídeos…

ÍNDICE

1- LO QUE NOS QUIEREN IMPONER
2- CONSECUENCIAS PARA NOSOTROS
3- NUESTROS VOTOS
4- CÓMO ACTÚAN LOS POLÍTICOS

______________________________________

1- LO QUE NOS QUIEREN IMPONER

Internet tal y como lo conocemos se encuentra en peligro. Las nuevas reglas de la U.E. ( Paquete de Telecomunicaciones ) que se votó en fecha 6 de mayo y que se volverá a negociar en otoño , proponen que los proveedores de banda ancha tengan la capacidad legal de limitar el número de páginas web que puedes ver, y de decirte si se te permite o no usar determinados servicios. Se disfrazará de ‘nuevas opciones para el consumidor según sus necesidades’. Se le ofrecerá a la gente paquetes del estilo de los paquetes de TV – con un número limitado de opciones para acceder. Es decir, tu acceso a internet estará limitado según el “paquete” que hayas contratado, no podrás acceder a todas las páginas, sino sólo a aquellas que constan en tu “paquete”.

Esto significa que Internet se restringirá y tu capacidad de acceder y subir contenidos podría restringirse seriamente. Se crearán cubículos de accesibilidad a Internet, la accesibilidad a internet será completamente diferente a como la conocemos hoy, a como la hemos conocido siempre. ¿Por qué? Internet está permitiendo ahora el intercambio de archivos, conocimiento, relaciones, información entre personas que no pueden ser controlados o “facilitados” por parte de cualquier intermediario (el estado o una corporación), esto mejora la vida de los ciudadanos, permite que el conocimiento este más accesible para todos; pero fuerza a la industria (de las telecomunicaciones, la cultura…) a perder poder y control. Esa es la razón por la que están presionando a los gobiernos a realizar estos cambios.

La excusa es controlar el flujo de la música, las películas y el contenido del entretenimiento contra la presunta piratería de las descargas gratis, usando el compartir archivos P2P. Sin embargo, las víctimas reales de este plan serán todos los usuarios de Internet y el acceso democrático e independiente a la información, la cultura y los bienes.

2- CONSECUENCIAS PARA NOSOTROS

¡Piensa en cómo usas tú Internet! ¿Qué significaría para ti que el libre acceso a Internet fuese eliminado?

En estos días, en Internet se trata de la vida y la libertad. Trata sobre comprar, reservar entradas para el teatro…vacaciones, aprendizaje, búsqueda de trabajo, banca y comercio. También trata de las cosas divertidas –ligar, chatear, invitaciones, música, entretenimiento, bromas e incluso una “Second Life”. Es una herramienta para expresarnos, colaborar, innovar, compartir, generar nuevas ideas de negocio, llegar a nuevos mercados: prosperar sin intermediarios.

Tim Berners-Lee, padre de World Wide Web nos explica la situación en EEUU…..En Europa está pasando lo mismo.

Simplemente piensa – ¿cuál es tu dirección en la red (la de tu blog, tu Web…)? Si los europarlamentarios votan que sí a las medidas que se están proponiendo, a menos que la gente tenga esa dirección en su “paquete” de sitios Web, no podrán encontrarte. Eso significa que no podrán comprarte, o hacer reservas, o registrarse, o ni siquiera ver que estás conectado. Tu negocio no podrá encontrar a los suministradores de bienes – ni comparar precios. Si de alguna forma obtienes dinero por la publicidad en tu Web, ese dinero disminuirá. Sí, Amazon y unos pocos elegidos seguirán bien, serán los elegidos de ese paquete. Pero tus anuncios en Google o cualquier otro sitio valdrán cada vez menos. Skype podría ser bloqueado. En Alemania ya ha sido bloqueado en los iPhone. Los pequeños negocios podrían literalmente desaparecer, especialmente los negocios artesanales, de nicho o especializados.

Si no hacemos algo ya, podríamos perder la libertad y el uso abierto de Internet. Nuestra libertad (de elección de información, mercado, cultura, placer…) se verá restringida.

3- NUESTROS VOTOS

Tienen que recordar que están al servicio de los ciudadanos, que los votan, no de multinacionales. Internet todavía nos proporciona las herramientas para vigilar e informarnos sobre los que están votando. En la página http://www.laquadrature.net/wiki/Telecoms_package_directives_2nd_reading_ES puedes consultar el voto de cada parlamentario.

Tienes que saber que no estás solo. Centenares de organizaciones y ciudadanos están presionando los politicos. Para evitar su aprobación el 6 de mayo pasado se enviaron miles de cartas que han tenido como resultado evitar la aprobación de las leyes que privatizan y limitan internet.

4- CÓMO ACTÚAN LOS POLÍTICOS

Las propuestas de la U.E. suponen un riesgo enorme para nuestro futuro.Si se convierte en ley será virtualmente imposible volver atrás. La gente (incluso los Eurodiputados que están votando estos temas) no parece realmente entender todas las implicaciones y los cambios legislativos que implica el llamado “Paquete Telecom”, lo cual adormece, confunde a la gente, que acaba pensando que sólo se trata de la industria, de algo que no le afectará.

Sin embargo, en realidad, a espaldas del ojo público, las enmiendas tratan ¡sobre la forma en que Internet operará en el futuro! El texto que recoge y garantiza tus derechos de acceso y distribución de contenidos, servicios y aplicaciones, ha sido borrado. El texto que aparece en su lugar dice que los proveedores de banda ancha deben informarte de cualquier condición limitando el acceso. El texto actual dice que pueden limitar tu acceso y navegación por Internet. Siempre y cuando tú estés avisado de ello, la restricción será completamente legal. Esto se ha hecho para que suene bien – se disfraza de ‘transparencia’ –, pero, por supuesto, quiere decir que el proveedor de banda ancha tendrá el derecho legal de restringir tu acceso o de imponer condiciones; en caso contrario, ¿para qué tendrían que advertírtelo? Si el actual texto del Paquete Telecom finalmente se aprueba, los cambios serán irreversibles.

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Internet vs. Mídia tradicional: mudança sem retorno



Pesquisa revela que 83% dos consumidores de mídia no Brasil produzem seu próprio conteúdo de entretenimento usando, por exemplo, programas de edição de fotos, vídeos e músicas. O público de faixa etária entre 26 e 42 anos é o mais envolvido com atividades interativas na rede.

Duas pesquisas divulgadas recentemente mostram, de forma inequívoca, a dimensão das mudanças que estão ocorrendo no “consumo” de mídia, tanto no Brasil como no mundo. Elas são tão rápidas e com implicações tão profundas que, às vezes, provocam reações inconformadas de empresários e/ou autoridades que revelam sérias dificuldades para compreender ou aceitar o que de fato está acontecendo no setor de comunicações.

Internet supera TV
A primeira dessas pesquisas é “O Futuro da Mídia” desenvolvida pela Deloitte e pelo Harrison Group. A Deloitte é a marca sob a qual profissionais que atuam em diferentes firmas em todo o mundo colaboram para oferecer serviços de auditoria e consultoria. Essas firmas são membros da Deloitte Touche Tohmatsu, uma verein (associação) estabelecida na Suíça. Já o Harrison Group é uma consultoria independente com sede nos EUA.

A pesquisa, realizada simultaneamente nos EUA, na Alemanha, na Inglaterra, no Japão e no Brasil, identificou como pessoas entre 14 e 75 anos “consomem” mídia hoje e o que esperam da mídia no futuro. A coleta de dados foi feita entre 17 de setembro e 20 de outubro de 2008 e a amostra foi dividida em quatro grupos de faixas etárias: a “Geração Y”, com idade entre 14 e 25 anos; a “Geração X”, que tem entre 26 e 42 anos; a “Geração Baby Boom”, formada por pessoas entre 43 e 61 anos; e a “Geração Madura”, que compreende os consumidores entre 62 e 75 anos. No Brasil, foram ouvidas 1.022 pessoas, classificadas nas quatro faixas etárias.

Vale a pena transcrever o que a própria Deloitte relata sobre alguns dos resultados referentes ao Brasil (cf. Deloitte, Mundo Corporativo n. 24, abril/junho 2009).

O levantamento mostra que o Brasil, com um mercado formado essencialmente por um público jovem é, dos cinco países participantes da pesquisa, aquele em que os consumidores gastam mais tempo por semana consumindo informações ofertadas pelos mais variados meios de comunicação e se mostram especialmente envolvidos com atividades on-line. Os consumidores brasileiros gastam 82 horas por semana interagindo com diversos tipos de mídia, incluindo o celular. Para a grande maioria (81%), o computador superou a televisão como fonte de entretenimento. Os videogames e os jogos de computador constituem importantes formas de diversão para 58% dos entrevistados. (...) (grifo nosso)

Uma das principais informações reveladas é que o usuário quer participar, interferir. De acordo com as entrevistas realizadas com o público nacional, 83% dos consumidores de mídia produzem seu próprio conteúdo de entretenimento usando, por exemplo, programas de edição de fotos, vídeos e músicas. O público de faixa etária entre 26 e 42 anos é o mais envolvido com atividades interativas na rede. Quanto mais jovem, mais propenso a produzir seu próprio conteúdo on-line.

Um dado extremamente revelador é que assistir à televisão é a fonte de entretenimento preferida pelos entrevistados de todos os países participantes da pesquisa, com exceção do Brasil. Entre nós, a TV aparece em terceiro lugar, as revistas em sétimo, o rádio em nono e os jornais em décimo.

O quadro (adaptado) abaixo revela as preferências brasileiras.

Fontes de entretenimento favoritas - Brasil

1º - Assistir a filmes em casa (não inclui filmes na TV) .........55 %
2º - Navegar na internet por interesses pessoais ou sociais..53 %
3º - Assistir à televisão .........................................................46 %
4º - Ouvir música (usando qualquer dispositivo ....................36 %
5º - Ir ao cinema .................................................................30 %
6º - Ler livros (impressos ou on-line) ...................................25 %
7º - Ler revistas (impressas ou on-line) ...............................16 %
8º - Jogar videogames ou jogos de computador .................14 %
9º - Ouvir rádio .....................................................................13 %
10º - Ler jornais (impressos ou on-line) ...............................12 %


Para um país acostumado – há décadas – à hegemonia não só da televisão, mas de uma única rede de TV, esses dados não deixam de ser surpreendentes.

Participação ativa
Já a vontade majoritária de participar e interferir na construção do conteúdo, revelada pelos entrevistados brasileiros, acaba de vez com a idéia do obtuso “Homer Simpson” (cf. L. Leal Filho, “De Bonner para Homer”, Carta Capital, 7/12/2005) e com o mito da passividade dos nossos leitores, ouvintes e telespectadores.

Mais do que isso, os dados colidem frontalmente com as práticas históricas dos principais grupos de mídia brasileiros que, salvo raras exceções, sequer admitem a existência de ouvidorias ou de ombudsman em suas empresas.

A supremacia das redes sociais
A pesquisa Deloitte/Harrison faz referencia a outra pesquisa divulgada em junho de 2008 pelo Ibope/Net Ratings sobre o surgimento das “redes sociais virtuais”, ou seja, os sites de relacionamento que reúnem internautas com os mesmos interesses. Segundo esta pesquisa, 18,5 milhões de pessoas haviam navegado neste tipo de site em maio de 2008. Se somados os fotologs, videologs e programas de mensagens instantâneas, o número salta para 20,6 milhões.

Pois bem. No painel de abertura do 8º Tela Viva Móvel, dia 20/5, em São Paulo, o gerente de conteúdo e aplicações da Oi, Gustavo Alvim, informa que as redes sociais já desempenham papel mais importante que o acesso a emails no cenário da internet mundial. Em média, enquanto 65,1% dos usuários mundiais de internet acessam emails, 66,8% acessam redes sociais. "E o Brasil é o líder absoluto em redes sociais, com 85% de seus internautas que acessam pelo menos uma rede social".

Os dados vêm confirmar a aplicabilidade da hipótese do “long tail” (Chris Anderson) à “cultura convergente” – como faz Henry Jenkins – e, particularmente, reafirmar a tendência já prevalente da contextualização, análise e organização capilar de conteúdos, inclusive os jornalísticos, em sites e blogs, deixando para trás os velhos modelos dos jornais impressos diários.

“Pendurados na internet”
Diante desses dados – e das importantes transformações que sinalizam – é que se deve compreender a recente declaração do senhor ministro das Comunicações na abertura do 25º Congresso Brasileiro de Radiodifusão, no dia 19/5, em Brasília.

Segundo relata Mariana Mazza do Televiva News, depois de fazer uma vigorosa defesa da radiodifusão e registrar o abismo entre o faturamento da radiodifusão e das telecomunicações – "o setor de comunicação fatura R$ 110 bilhões por ano. Desse total, somente R$ 1 bilhão é do rádio e R$ 12 bilhões das TVs. O resto vocês sabem muito bem onde está" –, o ministro sugeriu que os jovens devem usar menos a internet e assistir mais programas de TV e de rádio. "Essa juventude tem que parar de só ficar pendurada na internet. Tem que assistir mais rádio e televisão".

Ao que parece o senhor ministro – e os radiodifusores que ele tão bem representa – estão realmente perdendo o “bonde da história”.

é Pesquisador Sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília - NEMP - UNB

Fonte: Agência Carta Maior